segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África

Reactivação dos Fuzileiros. Início 1960


A duração do tempo necessário para a preparação de um Fuzileiro Especial, desde a recruta, passando pelo I.T.E. (classe de praças), era de 10 meses. Foi também esta a duração da recruta de Março de 1962 na Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro. O juramento de bandeira realizou-se a 20 de Julho; o I.T.E. a 8 de Outubro e a conclusão do Curso de Fuzileiros Especiais (6º curso e o último ministrado pelo Tenente Pascoal Rodrigues) a 19 de Janeiro de 1963. Logo no mês seguinte, o pessoal deste curso partiu para Angola integrado no Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 4, comandado por Pascoal Rodrigues tendo com o Imediato o tenente Paiva Boléo.
Os Destacamentos de Fuzileiros Especiais eram unidades de organização permanente, geralmente atribuídas aos Comandos Navais ou Defesas Marítimas. Inicialmente constituídos por um efectivo de 75 homens (2 oficiais, 8 cabos, 14 marinheiros e 44 grumetes); a partir de 1967 o número de efectivos passou a ser de 80: 4 oficiais, 6 sargentos, 14 cabos, 32 marinheiros e 24 grumetes.
Pela sua própria natureza (operacional) e número de efectivos, os DFEs não dispunham dos tradicionais meios de apoio logístico e burocráticos: secretaria, rancho, abastecimentos, saúde e outras dependências). O apoio a estas unidades era prestado pelos Comandos a que estavam adstritos. Porém, em situações de grande isolamento, os Destacamentos contornavam as dificuldades criando serviços elementares dentro da própria estrutura. Sob a supervisão do oficial Imediato era atribuídas responsabilidades a oficiais e sargentos nas diversas áreas de índole logístico-administrativa (secretaria, rancho, armamento, comunicações…). O oficial Imediato respondia pelo serviço de secretaria e era o responsável pelo rancho. Para o efeito, era nomeado um cabo de rancho de entre as praças mais experientes e um cozinheiro que sobre a chefia do cabo era o responsável pelo fornecimento das refeições. O sargento-enfermeiro encarregava-se da área da saúde e o sargento mais antigo desempenhava as funções de quartel-mestre. No DFE4 o sargento-enfermeiro era Carlos Peralta Soares e o Quartel Mestre o sargento FZE Norberto Batista Lourenço.
Os Destacamentos eram compostos por secções (até ao máximo de cinco) formadas por esquadras de três homens em cada secção. Realizavam acções de assalto e patrulhamento nas vias fluviais (rios e lagos), barrando a passagem para o território nacional dos guerrilheiros sediados nas bases estrangeiras vizinhas; quer em emboscadas de limpeza quer em operações de golpe - de - mão anfíbio projectadas das zonas ribeirinhas para terra. Operações de forte mobilidade, curta duração e de grande intensidade em que o factor surpresa era primordial. Os Destacamentos participavam ainda em operações conjuntas com os outros ramos das forças armadas. Os DFEs eram portanto unidades de elite da Marinha que estiveram sempre operacionais nas três frentes, durante toda a Guerra em África.
As Companhias de Fuzileiros Navais tinham um efectivo de 140 homens (7 oficiais, 8 sargentos, nove cabos, 36 marinheiros e 76 grumetes.
Cada companhia era constituída por uma formação de comando e três pelotões de atiradores que por sua vez se decompunha numa formação de comando e três secções fazendo parte do Comando da Companhia.
A Companhia de Fuzileiros Navais era uma unidade de Fuzileiros que competia:
· Assegurar a guarda e defesa de instalações navais em terra;
· Cooperar na defesa das povoações aquarteladas, ou na segurança de outras onde a sua presença se tornasse necessária;
· Manter o serviço de rondas destinado a vigiar o comportamento dos militares da Armada, de licença;
· Representar a Armada em desfiles militares, guarda de honra, ou outras cerimónias da mesma natureza ( op. cit. Luís Sanches de Baena, p. 49, Liv. I)

4 comentários:

  1. Quero dar-lhe os parabéns,pelo excelente trabalho que tem vindo a públicar, sobre a organização dos Fuzileiros, que no meu caso pessoal era desconhecido; em grande parte pelo pouco tempo que lá permaneci,e por outro a memória já não responde como outrora.
    Cumprimentos
    Virgilio Miranda

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  2. Amigo Virgílio Miranda,
    Li com o agrado o comentário enviado.Obrigado. Mas o mérito não é tanto meu mas de quem escreveu sobre a Marinha e os Fuzileiros. Da minha parte, faço leituras, interpretações e tento divulgar o melhor que sei. A minha passagem pelos fuzileiros também foi curta mas ficou para a vida, graças à própria Instituição e à dádiva deixada pelos meus amigos. Um abraço
    Álvaro

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  3. Amigo Álvaro pode ir a este link tem lá o diploma em pdf que criou o 4º DFE, penso terá algum interesse para os seus arquivos, caso o não tenha já.
    - Sexta-feira 13 de Outubro de 1961
    238/61 SÉRIE I ( páginas 1297 a 1297 )
    Legislação | destacamentoTerça-feira 29 de Janeiro de 1963. Ministério da Marinha - Estado-Maior da Armada. 24/63 SÉRIE I. Cria o destacamento n.º 4 de fuzileiros especiais ...
    pt.legislacao.org/tag/destacamento -

    http://pt.legislacao.org/tag/destacamento

    Um Abraço
    Helder de Sousa (Filho do Fernando B.Sousa - 16399)

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  4. Caro amigo Helder de Sousa,
    Agradeço a informação que me prestou sobre a base legislativa da cração do DFE4. Na verdade não tinha conhecimento do Link e nem sempre consigo obter os diplomas no D.R. Electrónico que careço. Obrigado uma vez mais e um grande abraço
    Álvar Dionísio

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