domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África


Angola-I

Angola era a maior e mais rica Província Ultramarina Portuguesa situada na costa ocidental de África. Fazia fronteira a norte com a República Popular do Congo (antigo Congo Francês) e República Democrática do Congo e a Zâmbia (Ex-Rodésia do Norte) a leste, com o Sudoeste Africano a sul e o oceano Atlântico a oeste. Tem uma superfície de 1 246 700 km2, representado mais de 4% do território africano. As fronteiras terrestres alcançam a extensão de 4837 km e a marítima 1650 km, estendendo-se entre os paraleos de 5º S , foz do rio Luema, e 17º 30´ S na foz do rio Cunene.
Quanto ao relevo e hidrografia Angola é caracterizada por três zonas de relevos: zona das planícies litorais, zonas das montanhas e zonas dos planaltos interiores. Da bacia de Angola fazem parte dois grandes rios: O Zaire e o Zambeze. Os restante rios nascem e têm o seu curso em território Angola sendo os mais importantes os rios Quanza, Cunene, Cubango e Cuango.
O rio Zaire ou Congo é o segundo maior rio de África, logo a seguir ao Nilo, com uma extensão de 4380 km. Nasce na Zâmbia, atravessa o Congo, a República Centro-African, a República Democrática do Congo, Angola, o Burundi, o Ruanda e os Camarões. Há quem afirme que poderia fornecer electricidade para toda a África. O Zambeze nasce no Congo, atravessa Angola no saliente do Cazombo, passa pela Zâmbia e desagua em Moçambique.
O clima varia um tanto em razão da extensão do território. Assim, do norte de Cabinda até Ambriz o clima é acentuadamente tropical húmido; de Luanda a Moçâmedes, região de Malange e na faixa oriental, temperado húmido; nas zonas planálticas central e sul, temperado seco.
A fauna e a flora são diversificadas em Angola e distribui-se segundo as características do solo. Nas zonas das savanas e de estepe habitam os herbívoros (hipopótamo, girafa, elefante-africano, rinoceronte-branco e preto, zebra, búfalo, pacaça, gazelas, palancas, javalis…) e predadores naturais como o leão, o leopardo, a raposa, o chacal, etc.
Nas zonas de florestas densa como em Cabinda, os gorilas e os chimpanzés.
Quanto as aves e outras espécies abundam centenas em Angola: codorniz, perdiz, pato-bravo, galinha – da - índia, rola, flamingo, garça… e os répteis – crocodilos, serpentes, batráquios, grande variedade de peixes, insectívoros, etc.
Sintetizando, as zonas das florestas poderão distribuir-se da seguinte forma:
Floresta densa: Cabinda, Encoge, Dembos, Cazengo, Amboim e nos vales dos rios Cassai e Cuango.;
Florestas claras – “matas de panda”, árvores de copas achatadas com espaços entre si – nas zonas dos rios Cuito, Cubango, Cuando e entre Benguela e Sá da Bandeira.
Capinzais – no litoral do distrito de Cabinda e no Nordeste de Angola
Savanas - grandes extensões de terra, vegetação herbácea de forma contínua raramente interrompida por capões de arbustos e árvores menores. A savana tem um clima particular devido às secas prolongadas, que podem ter uma duração de até dez meses, com elevadas temperaturase humidade do ar desérticas.
“Chanas” – típica da planície do Leste de Angola.
Mangais ou muílas – conjuntos cerrados de ervas e arbustos nos rios Zaire, Cuanza e Chiloango.
Na zona do litoral seca e baixa predominam plantas dos terrenos salgados, plantas gordas ou espinhosas, acácias e embondeiros. Para o sul, edvido à secura, predominam as estepes e a vegetação desértica.
A população da província era em 1961 de 4 832 677 habitantes, dos quais 169 672 eram brancos e 53 099 mestiços ( op cit Sanches de Baêna, p. 14 Liv.II).
A população autóctone pertence à grande família Banto e com excepção para os Bosquímanos e outras minorias, segundo os grupos linguísticos divide-se da seguinte forma:
· Quicongo
· Quimbundo
· Lunda-Quioco
· Umbundo
· Ganguela
· Nhaneca-Humbe
· Ambo
· Hetero
· Xindonga
Do ponto de vista religioso, os brancos, mestiços e nativos mais evoluídos seguiam a religião católica embora os protestantes se encontrassem bem implantados no território angolano. De qualquer forma, a grande maioria da população continuava a ser fetichista e animista não obstante o esforço dos missionários.
As populações autóctones dividia-se, segundo a administração colonial em dois tipos:
· Indígena – indivíduo portador de uma caderneta emitida pela autoridade administrativa que o distinguia do cidadão nacional e
· Assimilado, indígena com direito a adquirir o bilhete de identidade de cidadão português ( uma pequena percentagem).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África



Painel representando Diogo Cão, na foz do Zaire.
Rio Zaire - Angola

Foi o navegador português Diogo Cão o primeiro europeu a chegar ao rio Congo, no reinado de D. João II, tendo realizado duas viagens de descobrimento da costa sudoeste africana entre 1482 e 1486. A primeira destas viagens terá tido início no verão de 1482, passando a expedição por S. Jorge da Mina, dirigindo-se depois ao cabo de Santa Catarina. No decurso desta viagem terá sido descoberto o rio do Padrão (actual rio Congo), onde foi erguido o primeiro padrão de pedra e avançou pelo interior do rio tendo deixado uma inscrição comprovando a sua chegada às cataratas de Ielala, perto de Matadi. Estabeleceu as primeiras ligações com o Rei Congo. Segundo alguns relatos históricos, a frota de Diogo Cão, depois de passar o Cabo Paúl, a sul do enclave de Cabinda “aos navios deparou-se em 23 de Abril, dia de São Jorge, uma corrente de 20 Km de largo, barrenta e rumorejante que invadia o mar com violência de catarata, trazendo consigo, em remoinhos, ilhas de capim, troncos raptados à margem, ramos estilhaçados, toda a triste e aflitiva bagagem das grandes inundações, era a embocadura de um grande rio, “Rio Poderoso” (Rio Zaire ou Congo), como lhe terá chamado alguém da frota, conhecido depois por “Rio do Padrão”.
(…)À medida que caminhavam, experimentavam os efeitos de uma corrente vertiginosa que cortava o mar perpendicularmente à costa : “ e no inverno desta terra, que he do mês de abril atee o fim de setembro, traz este Rio tam grande corrente d’ auguoa doce, que a trinta léguas em mar se sente a força dela (Esmeraldo.)
“Torneando e atravessando a corrente da embocadura do rio, a armada penetra num majestoso estuário de margens baixas e foram dar com a margem esquerda, junto à foz.
Viram uma língua de terra, nesse bocado de terra frisada, que avança pelo mar como braço recurvado de muralha a proteger um ponto e que olha de um dos lados para o Atlântico e do outro para a foz do Zaire, arribou as caravelas de Diogo Cão.
Festivamente, a tripulação desembarca, a que, pelo grande volume de água e impetuosidade de corrente, os marinheiros puseram o nome de Rio Poderoso, conhecido também por rio do Manicongo e mais tarde por Rio do Padrão. “ Á data, os potentados locais eram o Manicongo e N´Gola (a sul) que dependiam ou prestavam vassalagem ao do Congo.
O navegador perguntou o nome da terra, o pescador respondeu: "Kinzadiko" ("não sei"). Ao interrogá-lo sobre o nome do grande rio, Ndom Lwolo respondeu: "Nzadi" ("Rio"). Talvez por dificuldade de pronunciar o nome, o visitante concluiu que o rio se chamava "Zaire". A importância deste nome é a prova da importância dos portugueses naquelas paragens.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África



Foto: livro II – Sanches de Baêna (Fuzileiros/Crónica dos Feitos de Angola)


Primeiros fuzileiros em Angola

O Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 1 (DFE1) partiu para Angola a 10 de Novembro de 1961, tendo desembarcado em Luanda num DC6 da Força Aérea. Era a primeira unidade da nova infantaria da Marinha a ir para o Ultramar, constituído com pessoal formado nos dois primeiros cursos (05-06-1961 a 05-08 e 14-08 a 14-10-1961). Os sargentos provinham da classe de monitores, os marinheiros da classe de artilheiros e manobras e os grumetes da incorporação de 1960.
O DFE1 era comandado pelo 1º tenente Augusto Henrique Coelho Metzener e dele faziam parte os oficiais 2ºs tenentes Luís Camós de Oliveira Rego e José Júlio Abrantes Serra e o Subtenente FZE da Reserva Naval (RN) João Pedro Gião Toscano Rico; os 2ºs Sargentos FZ Luís Alberto Marques Pereira, Bernardino Rodrigues, João Alves da Encarnação e o 2º SAR H Sebastião Eduardo Nunes. Compunham as praças 19 marinheiros, 18 primeiros Grumetes (1GR) e 41 segundos Grumetes (2GR). Ainda não havia praças com o posto de cabo. Só mais tarde é que se foram formando da própria classe de Fuzileiros, bem como os sargentos, à medida que foram sendo promovidos.
A chegada do DFE1, o contra-almirante Reboredo, Subchefe do Estado-Maior da Armada havia dirigido as seguintes recomendações ao Comandante Naval de Angola: «É preciso que eles tenham um período de adaptação à África. As condições são muito diferentes, e que só concorram com os pára-quedistas ou bons caçadores especiais após essa adaptação. É uma força que vai impregnada de espírito de Corpo e de panache» ( Apud Sanches de Baêna, Liv II, p. 38).
O DFE1 ficou inicialmente aquartelado nas Instalações Navais da Ilha do Cabo (INIC) em Luanda e em finais de Novembro, a bordo das fragatas Diogo Gomes e Pêro Escobar rumou para Moçâmedes, dando início a operação «Calema». Foram realizados exercícios vários nas principais cidades ribeirinhas que serviram para a adaptação dos Fuzileiros às condições africanas e simultaneamente uma operação de charme e esperança junto das populações e colonos. Segundo Sanches de Baêna transcreve na sua obra, a imprensa local não regateava elogios às novas forças especiais. Assim, e em Luanda, o jornal O Comércio pela voz do seu correspondente em Moçâmedes:
«O que vimos neste primeiro exercício dos fuzileiros navais deixou-nos maravilhados – e porque não dizê-lo? – espantados. Diabos autênticos estes rapazes da Armada! Dir-se-ia que têm feitiço e feitiço grande, como observara um velho pescador que os remirou longamente soltando uma exclamação de surpresa.
(…)
Uma admirável demonstração de que a Armada pode sentir-se satisfeita com a preparação desta gente! Para nós um motivo para confiar! E, para todos, militares e civis, um novo testemunho de que a Marinha de Guerra nos trouxe outro contributo poderoso para a luta pela sobrevivência nacional».

Em Dezembro, o DFE1 efectua três pequenas operações de limpeza na Zona de Intervenção do Norte (ZIN) conjuntamente com uma ou duas companhias do Batalhão de Pára-Quedistas nº 21 e companhia de Caçadores, que, naquelas que juntando Pára-Quedistas ficaram conhecidas como perações «Parafuso» e que ocorreram nas regiões de São Salvador e Buela.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África

Reactivação dos Fuzileiros. Início 1960


A duração do tempo necessário para a preparação de um Fuzileiro Especial, desde a recruta, passando pelo I.T.E. (classe de praças), era de 10 meses. Foi também esta a duração da recruta de Março de 1962 na Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro. O juramento de bandeira realizou-se a 20 de Julho; o I.T.E. a 8 de Outubro e a conclusão do Curso de Fuzileiros Especiais (6º curso e o último ministrado pelo Tenente Pascoal Rodrigues) a 19 de Janeiro de 1963. Logo no mês seguinte, o pessoal deste curso partiu para Angola integrado no Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 4, comandado por Pascoal Rodrigues tendo com o Imediato o tenente Paiva Boléo.
Os Destacamentos de Fuzileiros Especiais eram unidades de organização permanente, geralmente atribuídas aos Comandos Navais ou Defesas Marítimas. Inicialmente constituídos por um efectivo de 75 homens (2 oficiais, 8 cabos, 14 marinheiros e 44 grumetes); a partir de 1967 o número de efectivos passou a ser de 80: 4 oficiais, 6 sargentos, 14 cabos, 32 marinheiros e 24 grumetes.
Pela sua própria natureza (operacional) e número de efectivos, os DFEs não dispunham dos tradicionais meios de apoio logístico e burocráticos: secretaria, rancho, abastecimentos, saúde e outras dependências). O apoio a estas unidades era prestado pelos Comandos a que estavam adstritos. Porém, em situações de grande isolamento, os Destacamentos contornavam as dificuldades criando serviços elementares dentro da própria estrutura. Sob a supervisão do oficial Imediato era atribuídas responsabilidades a oficiais e sargentos nas diversas áreas de índole logístico-administrativa (secretaria, rancho, armamento, comunicações…). O oficial Imediato respondia pelo serviço de secretaria e era o responsável pelo rancho. Para o efeito, era nomeado um cabo de rancho de entre as praças mais experientes e um cozinheiro que sobre a chefia do cabo era o responsável pelo fornecimento das refeições. O sargento-enfermeiro encarregava-se da área da saúde e o sargento mais antigo desempenhava as funções de quartel-mestre. No DFE4 o sargento-enfermeiro era Carlos Peralta Soares e o Quartel Mestre o sargento FZE Norberto Batista Lourenço.
Os Destacamentos eram compostos por secções (até ao máximo de cinco) formadas por esquadras de três homens em cada secção. Realizavam acções de assalto e patrulhamento nas vias fluviais (rios e lagos), barrando a passagem para o território nacional dos guerrilheiros sediados nas bases estrangeiras vizinhas; quer em emboscadas de limpeza quer em operações de golpe - de - mão anfíbio projectadas das zonas ribeirinhas para terra. Operações de forte mobilidade, curta duração e de grande intensidade em que o factor surpresa era primordial. Os Destacamentos participavam ainda em operações conjuntas com os outros ramos das forças armadas. Os DFEs eram portanto unidades de elite da Marinha que estiveram sempre operacionais nas três frentes, durante toda a Guerra em África.
As Companhias de Fuzileiros Navais tinham um efectivo de 140 homens (7 oficiais, 8 sargentos, nove cabos, 36 marinheiros e 76 grumetes.
Cada companhia era constituída por uma formação de comando e três pelotões de atiradores que por sua vez se decompunha numa formação de comando e três secções fazendo parte do Comando da Companhia.
A Companhia de Fuzileiros Navais era uma unidade de Fuzileiros que competia:
· Assegurar a guarda e defesa de instalações navais em terra;
· Cooperar na defesa das povoações aquarteladas, ou na segurança de outras onde a sua presença se tornasse necessária;
· Manter o serviço de rondas destinado a vigiar o comportamento dos militares da Armada, de licença;
· Representar a Armada em desfiles militares, guarda de honra, ou outras cerimónias da mesma natureza ( op. cit. Luís Sanches de Baena, p. 49, Liv. I)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África

Reactivação dos Fuzileiros. Início de 1960


A Escola de Fuzileiros, instalada em Vale de Zebro, foi criada formalmente em Junho de 1961 (Portaria 18 509, de 03/06/1961) embora subordinada ao Grupo nº 2 de Escolas da Armada. O 1º Director de Instrução foi o Capitão-Tenente José Joaquim de Sá e Melo Cristino que permaneceu na Escola no período de Junho/1961 a Julho de 1965, seguiram-se depois Capitão-Tenente João Humberto de Bougarth Loureiro Barbosa ( Julho de 1965 a Março de 1967) e Capitão-Tenente Guilherme Almor de Alpoim Calvão ( Março/1967 a Fevereiro/1969).
Só em Fevereiro de 1969, como refere Sanches Baena, a Escola de Fuzileiros passou a ser uma Unidade Independente. Agora comandada por um capitão-de-fragata, coadjuvado por dois oficiais superiores em que o mais antigo ou graduado desempenhava as funções de 2º Comandante e o outro as funções de Director de Instrução. Nesta nova fase, foi nomeado 1º Comandante da Escola de Fuzileiros o capitão de – fragata Bustorff Guerra.
Enquanto Unidade, a Escola compreendia os sargentos e praças da guarnição e os alunos, e era enquadrada pelo Batalhão que se dividia em quatro companhias:
1ª Companhia – guarnição da Escola de Fuzileiros;
2ª Companhia – alunos dos cursos de aplicação do 2º grau de Fuzileiros, de actualização de fuzileiros (…);
3ª Companhia – alunos do curso de especialização de Fuzileiros Especiais;
4ª Companhia – alunos do curso de instrução técnica elementar (ITE) e do curso de aplicação do 1º grau de Fuzileiros.
Era sob a orientação do Director de Instrução e coordenação do Director de Cursos que funcionava na Escola de Fuzileiros os seguintes cursos:
· ITE – com a duração de 10 semanas para as praças habilitadas com a recruta em Vila Franca de Xira (no início) destinadas a servir em Companhias de Fuzileiros ou desempenharem funções na classe de fuzileiros;
· 1º Grau – 24 semanas – destinado a preparar os 1ºs grumetes para o posto imediato de marinheiro;
· Fuzileiro Especial – 17 semanas – destinado a preparar oficiais, cadetes do Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, sargentos e praças de qualquer classe para operar em Destacamento de Fuzileiros Especiais, sendo considerado para as praças com 1º grau para efeitos de promoção.
· 2º Grau – 24 semanas – destinados a preparação de cabos fuzileiros para o posto imediato de 2º sargento.
· Instrução às forças de desembarque de navios – destinado a dar uma preparação prática a unidades de desembarque.
Assim, a 3ª Companhia iniciou o 1º Curso de Fuzileiros Especiais ainda no Corpo de Marinheiros sendo-lhes ministradas as seguintes matérias:
· Orgânica de serviço;
· Armamento;
· Explosivos, munições e demolições;
· Armadilhas, minas e contramedidas;
· Prática de utilização do armamento;
· Estratégia; Guerra subversiva, revolucionária e de guerrilha;
· Táctica;
· Infantaria de combate;
· Operações anfíbias;
· Comunicações;
· Preparação física e militar (educação física, cross matinal diário, combate, corpo-a-corpo, lodo, judo, boxe, tiro e natação…)
· Higiene e primeiros socorros;
· Condução e instrução do pessoal;
· Marinharia;
· Regulamentos militares;
· Serviços de Secretaria…
Foi com base nos ensinamentos do 1º Curso, que teve início em Junho de 1961, que se constituiu a Unidade, na Escola de Vale de Zebro, dos Fuzileiros. Navais para as Companhias e Especiais para os Destacamentos. No caso dos alunos da 3ª Companhia ficarem reprovados no Curso de Fuzileiros Especiais eram classificados em Navais e eram destinados ao guarnecimento das Companhia e dos Comandos Navais.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África

Reactivação dos Fuzileiros. Início de 1960
… Continuação






Como já foi referido no post anterior, a Classe de Fuzileiros foi criada pelo Decreto - Lei nº 43 515, de 24-02-1961, que passou a agrupar as classes profissionais de sargentos e praças da Armada da seguinte forma:
1. Dos artilheiros;
2. Dos artífices electricistas;
3. Dos artífices radioelectricistas
4. Dos artífices condutores de máquinas;
5. Dos fogueiros-motoristas;
6. Dos radiotelegrafistas;
7. Dos radaristas;
8. Dos electricistas;
9. Dos torpedeiros-detectores;
10. Dos carpinteiros;
11. De manobra;
12. Dos sinaleiros;
13. Dos enfermeiros;
14. Da taifa;
15. Dos músicos;
16. Dos clarins;
17. Dos escriturários;
18. Dos condutores de automóveis;
19. Dos mergulhadores;
20. Dos fuzileiros.
No citado diploma é apresentado um mapa com o número de postos, distribuídos por classes e com os totais. Aqui fica cópia para quem tiver interesse em consultar:

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África


Reactivação dos Fuzileiros. Início de 1960
… Continuação


Sanches Baena, na sua Obra (Livro I, – Factos e Feitos na Guerra de África - p. 28) destaca o dinamismo do 1º tenente Maxfredo Ventura da Costa Campos, que, enquanto um dos oficiais - alunos do 1º Curso de Fuzileiros, fora encarregado de encontrar um local para a instalação de uma escola de fuzileiros e chamado para dar o seu parecer sobre viaturas, armamento e equipamentos sugeridos… Quanto a escolha do local, num primeiro momento seria nos terrenos circundantes do Grupo nº 2 das Escolas de Armada, na estação da azinheira e finalmente recaiu nas instalações navais de Vale de Zebro por oferecer as melhores condições para a formação da Escola de Fuzileiros. A sua localização – confluência da ribeira do Zebro com o rio Coina -, mouchões e praias fluviais, óptimas para condições para exercícios de desembarque e com a mata nacional, conhecida pela “Mata da Machada; a existência de edificações adaptáveis e integradas numa extensa área e cais de atracagem para pequenas embarcações.
O 1º tenente Maxfredo foi nomeado nesta época Comandante do Batalhão de Instrução. A Educação Física estava a cargo do tenente Heitor Patrício; o armamento ligeiro e habilitações literárias por conta do 2º tenente Tomé da Reserva Naval; o 1º tenente Nunes dos Santos era o responsável pela instrução das máquinas, da escola de condução, garagem e viaturas.
Enquanto se aprontava as obras na Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro, corria o Curso de FZE no Corpo de Marinheiros:
“Foi um curso dividido em duas fases, a primeira a ter início em 5 de Junho de 1961 e a segunda em 14 de Agosto. Ambas foram frequentadas por 40 praças (destinadas a formar o primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais) e ainda pelo 1º tenente Metzener, 1º tenente Maxfredo da Costa Campos, 2º tenente Oliveira Rocha, 2º tenente Mendes Barata, 2º tenente Vasconcelos Caeiro e o 2º tenente Oliveiro Rego” (Sanches de Baena, Liv.1, p. 24).
A base de recrutamento inicial foi fornecida pelas próprias fileiras da Marinha. Havia como que uma espécie de programas de “reciclagem” para marinheiros ou “cursos de conversão”. Não sendo suficiente o pessoal – voluntários dos quadros da Marinha – foi preciso reforçar a incorporação de 1960 para fornecer os 2ºs grumetes que entretanto já haviam assentado praça. Estes, após terem frequentado a Instrução Técnica Elementar (I.T.E.), na Escola de Vila Franca de Xira, foram depois seleccionados entre os que ficariam Fuzileiros Navais e os que iriam frequentar o curso de Fuzileiros Especiais. Sanches Baena considera estas praças (incorporadas na Armada com o objectivo de servir nas novas forças) os “primeiros fuzileiros de raiz”. Esta forma de recrutamento (dentro dos próprios quadros da Armada) esgotou-se rapidamente e então recorreu-se à população civil “fazendo apelo ao desejo de um recruta pertencer a uma força de elite”.
Os oficiais fuzileiros eram recrutados entre os cadetes do curso da Escola Naval que terminavam os seus cursos e os cadetes que frequentavam o Curso Oficial da Reserva Naval na mesma instituição.
Deste modo, de acordo com os diplomas legais foram criados:
· Classe de Fuzileiros para sargentos e praças (DL 43 515, de 24-02-1961);
· Classe de Oficiais de Fuzileiros na Reserva, oriundos de mancebos com frequência ou curso universitário. A Portaria nº 18 393, de 18-04-1961 previa ainda o recrutamento de oficiais de reserva naval com as seguintes escolas e cursos superiores:
o Faculdade de Direito
o Faculdade de Letras (excepto curso de Ciências Pedagógicas);
o Instituto Superior de Agronomia;
o Instituto Nacional de Educação Física;
o Instituto Superior de Estudos Ultramarinos;
o Escola Superior de Belas-Artes (somente Arquitectos)

· Classe de Especialização de Fuzileiros Especiais para Oficiais – 1ºs ou 2ºs tenentes das diversas classes de Marinha, destinados a servir como comandantes e imediatos nas Unidades de Fuzileiros (Portaria nº 18 525, de 14-06-1961).