terça-feira, 23 de março de 2010

A Marinha e os Fuzileiros em África

2 GUINÉ

Os nativos da Guiné.

Os principais povos autóctones da Guiné, seguindo a ordem alfabética, são:
· Baiotes,
· Balantas (propriamente ditos, manes de Naga, bravos, de fora e cunantes),
Banhuns,
· Biafades,
· Bijagós,
· Brames ou macanhas,
· Cassangas,
· Felupes,
· Fulas,
· Mandingas,
· Majacos,
· Nalus
· Papeis.
Segundo Teixeira da Mota (Monografias dos Territórios do Ultramar» (apud, V.M.1971), aponta as seguintes minorias étnicas: bagas, bambarrãs, cobianas, conháguis, jacancas, jalocas, landumãs, pajandicas, quissincas, saracolés, sosos, tandas, timenés, Tomás, torancas e uassoloncas.
De acordo com o censo de 1960 (editado pela Agência-Geral do Ultramar), a população total era de 521 336 habitantes, dos quais 512 229 constituíam a população residente. A densidade média era de 15 habitantes por km2; 30 por cento da população negra constituída por balantas, 20 por cento de população fulas, 14 por cento de manjacos, 12 por cento por mandigas e 7 por cento de papeis. Os restantes 16,5 por cento pelos outros agrupamentos.
Segundo um estudo de Basil Davison « Revolution en Afrique», a população africana da Guiné andava a volta de 800 000 habitantes e dividia-se em cinco grandes grupos, possuindo cada um a sua própria língua, tradições e sentido da sua própria etnia. Deste modo, assinala a seguinte distribuição:
· Balantas – 250 mil;
· Manjacos – 140 mil;
· Fulas – 100 mil;
· Mandingas – 80 mil;
· Papeis – 50 mil;
· Brames – 35 mil;
· Felupes – 15 mil;
· Beafadas, bairotes, cassangas, saracolés, balantas-manés, pajandincas, etc, cerca de 115 – mil.

Esta «encruzilhada de civilizações» parece reflectir o número de organizações que surgem na luta subversiva contra a soberania portuguesa naquele território, embora as suas motivações não se coadunem com essa dispersão, pelo menos inicial. Como escreve John P. Can na sua obra A Marinha em África “Não há nada de simples acerca da Guiné desde o período da descoberta pelos portugueses (Nuno Tristão, 1446) até à condução da campanha de contra-subversão entre Janeiro de 1963 a Abril de 1974”
A história da Guiné é muitas vezes referida como um refúgio para os povos dos Estados vizinhos que ao longo dos séculos foram expulsos das suas terras. São essas migrações que deram origem a uma população que se fixou ao longo da costa de larga reentrância entre os pântanos e os mares. Quando os portugueses lá chegaram encontraram esse mosaico étnico nas zonas costeiras. A sua penetração para o interior era complicada e apenas alguns aventureiros brancos, comerciantes ou mestiços se arriscavam. O território foi chamado Rios da Guiné e do Cabo Verde, sem referência ao seu interior.
O comércio que se fazia ao longo da Costa e Golfo da Guiné era principalmente o da pimenta, marfim, ouro e escravos. Durante séculos, o volume de tais mercadorias deu origem a várias denominações: a pimenta era conhecida como “sementes do paraíso”, a Costa do Marfim, a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. Porém, no decurso do tempo apareceram outros concorrentes como: os espanhóis, dinamarqueses, holandeses, franceses, ingleses e, por fim, os alemães que reduziram os espaços territoriais das possessões portuguesas e, em 1886, a Guiné ficou reduzida aos limites actuais ( Apu John P. Can, op, cit p. 170, Convention de Délemitation, 12 May 1886, Paris).
Em 1663 foi estabelecida a primeira autoridade no território, em Cacheu, sob a forma de capitania - mor. Bissau foi estabelecida em 1692.
A Guiné foi elevada ao estatuto de distrito na dependência de Cabo Verde em 1835 com a nomeação do célebre governador Honório Pereira Barreto em 1837. A Guiné, do ponto de vista económico tinha pouco interesse para além do comércio de escravos até finais do século XIX. Portugal abolira a escravatura em 1869 e em relação a todo o seu império em 1875. Em Cabo Verde o governador Honório Barreto negociava acordos com os chefes locais e também dirigia um negócio de escravatura da família com a sua mãe, a poderosa Rosa do Cacheu – Rosa de Carvalho de Alvarenga -, acusada de prolongar o tráfego de escravos na Guiné. A violência na Guiné é manifesta. Durante quase um século, no período de 1841 a 1936 os portugueses estiveram envolvidos em mais de oitenta campanhas, expedições e operações…
Em 1842 a Guiné é dividida em dois distritos: Cacheu e Bissau, embora subordinados a Cabo Verde.

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