quarta-feira, 15 de julho de 2009

I-NACIONALISMO IMPERIAL E A PARTILHA DE ÁFRICA (1875-1891)

Nas décadas de setenta há o despertar do interesse de várias potências europeias por África e sua partilha. Esse interesse, ao longo do século XIX, levara as sociedades europeias a expandir-se em várias zonas do mundo. Ao que consta, esse movimento terá aumentado a partir de meados da década de cinquenta por influência e pressões externas e acção dos comerciantes, dos exploradores e dos missionários instalados no conjunto do continente negro. São essas formas lentas de penetração em África que, subitamente dão lugar, no último quartel de oitocentos, a uma política deliberada por parte dos diversos estados europeus, visando a rápida constituição de domínios imperiais em África. É isso que marca a época da partilha.
Como se explica esse interesse pelas terras africanas, eis a questão. Há uma corrente que acentua os factores económicos: a procura de novos mercados e de novas fontes de matérias-primas ou ainda uma forma de aplicação de capitais acumulados, dado a crise de pressão económica entre 1873 e 1876. Conforme refere Valentim Alexandre, esta tese, corrente à época, é teorizada por Hobson no seu livro O Imperialismo, Estado Supremo do Capitalismo, onde a expansão colonial de finais do século XIX é atribuída a pressão dos «monopólios». Parece que a apetência por África dos grandes grupos capitalistas não terá sido assim tão categórica dado que o investimento externo no continente negro era insignificante. Os casos do Egipto e da África do Sul, são excepção.
A outra corrente, interpreta o interesse europeu pela partilha como simples extensão a África como um jogo de tensões e rivalidades entre as grandes potências. Jogo esse que a partir dos anos sessenta se agudizara, emergindo a Itália e a Alemanha como nações politicamente unificadas (a vitória da Alemanha na Guerra Franco-Prussiana). Também esta perspectiva parece insuficiente. Será o conjunto de vários factores, todos eles associados ao desenvolvimento do capitalismo no século XIX, como o da penetração externa no interior do continente negro, das comunicações, e da tecnologia militar e os progressos da medicina que influencia esse súbito interesse europeu pela partilha africana, no último quartel de oitocentos. O interesse do Estado Português pelo ultramar não nasce aqui, é anterior, como sabemos. A colonização africana tem o seu início em 1820 (até essa data, as preocupações voltavam-se sobretudo para o Oriente e, a partir de 1640 para o Brasil). Todavia, o interesse europeu por África não deixa de condicionar a acção portuguesa, imprimindo-lhe um novo ritmo.
Moçambique, após a abertura do Canal do Suez, em 1869, e da descoberta dos campos de diamantes e de ouro (1867 e 1869) na África do Sul, é visto com outros olhos e não já como fonte de encargos.
A relação de maior proximidade com a costa oriental encontra eco na passagem por Lisboa (1875) do sultão de Zanzibar, do presidente do Transval ou então, noutra condição, do xeque de Quitangonha (Moçambique), preso várias semanas num navio ancorado no Tejo.

1 comentário: