XIII
As alianças
No que respeita às alianças, caberia a Grã-Bretanha um papel particular, pelo «exercício da sua influência moral e política» no continente, onde não poderia deixar instalar-se o «domínio da força e o princípio brutal da conquista» sem prejudicar os seus próprios interesses marítimos e coloniais. Estas seriam, resumidamente, as condições para preservar as «pequenas nacionalidades», sem as quais «o espírito da Europa sofreria uma grande depressão moral, porque lhe faltaria a maior das suas maravilhosas qualidades: a unidade da civilização na variedade das compleições, das formas, dos caracteres políticos».
Para Portugal, um dos pequenos Estados Europeus, a ameaça externa assumia porém uma forma específica que, na opinião de Andrade Corvo, o expansionismo espanhol era compartilhado por «todos os homens políticos, todos os partidos no reino vizinho». Para responder a esse perigo, defendia um nacionalismo bem temperado, de cariz liberal e progressista, que devia afirmar-se «pela respeitabilidade e sensatez da sua administração e pelo exacto cumprimento de todos os seus deveres para com as outras nações. Como fundamento último para a existência da nacionalidade, «o amor à pátria e às suas gloriosas tradições» por parte do povo português, tendo Andrade Corvo o cuidado de distinguir do «fanatismo», desse «ódio irreflectido, sanguinário e selvagem, que tornam inimigos os homens, quando uma fronteira, mais ou menos importante (…) os separa em nacionalidades distintas».
As alianças
No que respeita às alianças, caberia a Grã-Bretanha um papel particular, pelo «exercício da sua influência moral e política» no continente, onde não poderia deixar instalar-se o «domínio da força e o princípio brutal da conquista» sem prejudicar os seus próprios interesses marítimos e coloniais. Estas seriam, resumidamente, as condições para preservar as «pequenas nacionalidades», sem as quais «o espírito da Europa sofreria uma grande depressão moral, porque lhe faltaria a maior das suas maravilhosas qualidades: a unidade da civilização na variedade das compleições, das formas, dos caracteres políticos».
Para Portugal, um dos pequenos Estados Europeus, a ameaça externa assumia porém uma forma específica que, na opinião de Andrade Corvo, o expansionismo espanhol era compartilhado por «todos os homens políticos, todos os partidos no reino vizinho». Para responder a esse perigo, defendia um nacionalismo bem temperado, de cariz liberal e progressista, que devia afirmar-se «pela respeitabilidade e sensatez da sua administração e pelo exacto cumprimento de todos os seus deveres para com as outras nações. Como fundamento último para a existência da nacionalidade, «o amor à pátria e às suas gloriosas tradições» por parte do povo português, tendo Andrade Corvo o cuidado de distinguir do «fanatismo», desse «ódio irreflectido, sanguinário e selvagem, que tornam inimigos os homens, quando uma fronteira, mais ou menos importante (…) os separa em nacionalidades distintas».
Portugal e aliados
Para além do que já foi referido, Portugal precisaria de «boas alianças». Em primeiro lugar com a Inglaterra, dadas as «tradições da nossa política» e aos «importantes e valiosos interesses» que uniam os dois países; mas também com os Estados Unidos, ao qual, dada a sua posição geográfica, com os Açores a meio caminho poderia servir de porta de acesso à Europa.
Sobre as colónias e «para tirar uma tal política todas as fecundas consequências» que dela se esperavam, tornava-se necessário «introduzir profundas mudanças no nosso sistema comercial e colonial», encetando e seguindo «ousadamente um novo sistema de política internacional, comercial e económica» que permitiria transformar Portugal no «primeiro e principal empório do comércio da América com a Europa».
Assim, Andrade Corvo pauta a sua acção política enquanto ministro (teorizando os seus Estudos sobre as Províncias Ultramarinas, publicados na década de oitenta). No campo colonial, toma como princípio central a abertura do império ao exterior. O Estado Português deveria associar-se às demais nações da Europa na «grande obra» de «abrir» a África à «civilização»; se se opusesse a essa «fecunda solidariedade», ou por «inércia», ou por falsas ideias de sôfrego, cioso e estéril domínio», veria os seus direitos contestados pelas «nações civilizadas», podendo vir a pôr em risco «a sua própria existência». Tornava-se por isso urgente afastar a «velha ideia», tradicional no colonialismo português, que identificava a «posse e domínio dos territórios» a «monopólio e exclusivo de comércio», fazendo «a guerra aos produtos, aos capitais, à actividade estrangeira, como se tudo isto fossem males perniciosíssimos». Tal política, era insustentável no mundo moderno quando o direito de «aproveitar, em benefício dos povos, as vantagens resultantes do livre comércio», de «fazer chegar a todos, as riquezas que a natureza pôs a disposição de todos» fazia parte dos próprios «direitos da humanidade», não sendo lícito opor-lhe a barreira da soberania nacional. Aliás, no caso particular de Portugal, país de escassos recursos e sem indústria relevante, só haveria a ganhar com a abertura de mercados, que fomentaria a produção das colónias, com o correlativo aumento das suas exportações e com o recurso aos capitais estrangeiros, que tornariam possíveis realizar um conjunto de obras inadiáveis: caminhos e estradas, navegação dos rios e as «vias-férreas económicas» que, de acordo com Andrade Corvo, levariam aos sertões a «educação, o trabalho, a liberdade na sua acepção racional», numa palavra, a «civilização».
Para além do que já foi referido, Portugal precisaria de «boas alianças». Em primeiro lugar com a Inglaterra, dadas as «tradições da nossa política» e aos «importantes e valiosos interesses» que uniam os dois países; mas também com os Estados Unidos, ao qual, dada a sua posição geográfica, com os Açores a meio caminho poderia servir de porta de acesso à Europa.
Sobre as colónias e «para tirar uma tal política todas as fecundas consequências» que dela se esperavam, tornava-se necessário «introduzir profundas mudanças no nosso sistema comercial e colonial», encetando e seguindo «ousadamente um novo sistema de política internacional, comercial e económica» que permitiria transformar Portugal no «primeiro e principal empório do comércio da América com a Europa».
Assim, Andrade Corvo pauta a sua acção política enquanto ministro (teorizando os seus Estudos sobre as Províncias Ultramarinas, publicados na década de oitenta). No campo colonial, toma como princípio central a abertura do império ao exterior. O Estado Português deveria associar-se às demais nações da Europa na «grande obra» de «abrir» a África à «civilização»; se se opusesse a essa «fecunda solidariedade», ou por «inércia», ou por falsas ideias de sôfrego, cioso e estéril domínio», veria os seus direitos contestados pelas «nações civilizadas», podendo vir a pôr em risco «a sua própria existência». Tornava-se por isso urgente afastar a «velha ideia», tradicional no colonialismo português, que identificava a «posse e domínio dos territórios» a «monopólio e exclusivo de comércio», fazendo «a guerra aos produtos, aos capitais, à actividade estrangeira, como se tudo isto fossem males perniciosíssimos». Tal política, era insustentável no mundo moderno quando o direito de «aproveitar, em benefício dos povos, as vantagens resultantes do livre comércio», de «fazer chegar a todos, as riquezas que a natureza pôs a disposição de todos» fazia parte dos próprios «direitos da humanidade», não sendo lícito opor-lhe a barreira da soberania nacional. Aliás, no caso particular de Portugal, país de escassos recursos e sem indústria relevante, só haveria a ganhar com a abertura de mercados, que fomentaria a produção das colónias, com o correlativo aumento das suas exportações e com o recurso aos capitais estrangeiros, que tornariam possíveis realizar um conjunto de obras inadiáveis: caminhos e estradas, navegação dos rios e as «vias-férreas económicas» que, de acordo com Andrade Corvo, levariam aos sertões a «educação, o trabalho, a liberdade na sua acepção racional», numa palavra, a «civilização».
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