Comentário-2
Ao conversar com alguns antigos companheiros fuzileiros, que vivenciaram os treze anos de Guerra em África e nas três frentes, não gostaram de algumas das análises reflectidas nos livros de Aniceto Simões e Carlos de Matos Gomes publicadas com o jornal “Correio da Manhã”. Também eu – que até gostei da Obra – fiquei um tanto desapontado e deu-me a impressão que estes autores (ex-militares do exército) não foram lá muito imparciais em relação à Marinha e aos Fuzileiros; ou então é a própria redacção que deixa margem para interpretações várias… Assim, na página 82, livro 2 pode-se ler:
1. “ Os fuzileiros foram criados por decisão exclusiva da Marinha, que não queria ficar de fora da guerra em terra”. “A criação destas unidades resultou de necessidade da Marinha, mas nunca foi enquadrada nas necessidades gerais das Forças Armadas … como se houvesse uma Guerra da Marinha, outra do Exército e outra da Força Aérea.”
2. “Os Destacamentos de Fuzileiros Especiais e a Companhia de Fuzileiros organizavam-se de acordo com a doutrina da Marinha e sem qualquer coordenação com o Exército, que seria responsável pelo dispositivo operacional e pelo emprego das forças”
Este tipo de análises não são, do meu ponto de vista, felizes e não traduzem a verdadeira dimensão do problema. Até parece que a (re)criação dos fuzileiros foi um luxo da Marinha (decisão exclusiva) e não uma necessidade político-militar, nacional e integrada num esforço de guerra… ou que o Presidente do Conselho, Prof. Oliveira Salazar, que até assumiu a pasta da Defesa Nacional, após ter demitido o general Botelho Moniz, então ministro da Defesa Nacional em 1961, não estivesse devidamente informado!
A Marinha não prestou apenas apoio logístico as forças terrestres do exército, nem se limitou a transportar os militares nas rotas fluviais e do litoral, nem a patrulhar e fiscalizar as comunicações marítimas e fluviais, nem a assegurar os meios de comunicações das suas Estações e Rádio Navais que serviam todas as forças armadas – o que já era muito! Projectava também a sua actuação ofensiva em terra, artilharia, protegendo inclusive a progressão no terreno das forças terrestres… Houve mesmo secções das guarnições dos navios em Ambriz e Ambrizete que actuaram conjuntamente com o exército em defesa das populações. Durante o início de 1961 e após os incidentes em Luanda, grande parte da população, estimada em 200.000, fugiu para o Congo onde as forças da UPA tinham os seus santuários de preparação dos guerrilheiros. O Rio Zaire e a Lagoa de Massabi (Cabinda) e mais a Sul o rio Cuanza, eram autênticas auto-estradas de passagem do IN. Quem, senão a Marinha e os Fuzileiros tinham capacidade para impedir tais incursões? Honra seja também prestada à Força aérea nos apoios logísticos, de transporte de feridos e nas acções de reconhecimento, e acções ofensivas de combate aéreo para diminuir ou eliminar a pressão dos insurrectos sobre as forças terrestres.
1. “ Os fuzileiros foram criados por decisão exclusiva da Marinha, que não queria ficar de fora da guerra em terra”. “A criação destas unidades resultou de necessidade da Marinha, mas nunca foi enquadrada nas necessidades gerais das Forças Armadas … como se houvesse uma Guerra da Marinha, outra do Exército e outra da Força Aérea.”
2. “Os Destacamentos de Fuzileiros Especiais e a Companhia de Fuzileiros organizavam-se de acordo com a doutrina da Marinha e sem qualquer coordenação com o Exército, que seria responsável pelo dispositivo operacional e pelo emprego das forças”
Este tipo de análises não são, do meu ponto de vista, felizes e não traduzem a verdadeira dimensão do problema. Até parece que a (re)criação dos fuzileiros foi um luxo da Marinha (decisão exclusiva) e não uma necessidade político-militar, nacional e integrada num esforço de guerra… ou que o Presidente do Conselho, Prof. Oliveira Salazar, que até assumiu a pasta da Defesa Nacional, após ter demitido o general Botelho Moniz, então ministro da Defesa Nacional em 1961, não estivesse devidamente informado!
A Marinha não prestou apenas apoio logístico as forças terrestres do exército, nem se limitou a transportar os militares nas rotas fluviais e do litoral, nem a patrulhar e fiscalizar as comunicações marítimas e fluviais, nem a assegurar os meios de comunicações das suas Estações e Rádio Navais que serviam todas as forças armadas – o que já era muito! Projectava também a sua actuação ofensiva em terra, artilharia, protegendo inclusive a progressão no terreno das forças terrestres… Houve mesmo secções das guarnições dos navios em Ambriz e Ambrizete que actuaram conjuntamente com o exército em defesa das populações. Durante o início de 1961 e após os incidentes em Luanda, grande parte da população, estimada em 200.000, fugiu para o Congo onde as forças da UPA tinham os seus santuários de preparação dos guerrilheiros. O Rio Zaire e a Lagoa de Massabi (Cabinda) e mais a Sul o rio Cuanza, eram autênticas auto-estradas de passagem do IN. Quem, senão a Marinha e os Fuzileiros tinham capacidade para impedir tais incursões? Honra seja também prestada à Força aérea nos apoios logísticos, de transporte de feridos e nas acções de reconhecimento, e acções ofensivas de combate aéreo para diminuir ou eliminar a pressão dos insurrectos sobre as forças terrestres.
Continua...
Sem comentários:
Enviar um comentário