sexta-feira, 29 de maio de 2009

Império Colonial Português

Contexto Internacional
As colónias africanas portuguesas eram objecto de cobiça entre as potências estrangeiras, nomeadamente após a paz de Versaillhes (Grande Guerra) pela Alemanha e Reino Unido; em 1925 as reservas colocadas pela Sociedade das Nações quanto a crise financeira em Angola e sobre as condições de trabalho no Ultramar Português; em 1933 corria-se rumores sobre a partilha entre a Alemanha e a Itália, rumores que foram desmentidos. No começo do verão de 1935 e depois em 1936-37 corria a notícia de um eventual entendimento entre a Alemanha de Hitler e o Reino Unido para proceder ao desmembramento de Angola e Moçambique. Salazar, para colocar um ponto final a essas afirmações, através de uma nota oficiosa, reage assim: « Alheios a todos os conluios, não vendemos, não cedemos, não arrendamos, não partilhamos as nossas colónias, com reserva ou sem ela de qualquer parcela de soberania nacional para satisfação dos nossos brios patrióticos. Não no-lo permitem as nossas leis constitucionais, e, na ausência destes textos, não no-lo permitiria a consciência nacional».
Portugal, para a defesa intransigente da integridade do império colonial devia apoiar-se na Velha Aliança com a Inglaterra mas a aliança luso-britânica suscitava reservas e a recordação traumatizante da crise do ultimatum de 1890 permanecia ainda na memória colectiva de Portugal. Como conciliar a protecção da Inglaterra ao abrigo da “Velha Aliança” com interesses contrários ao de Portugal? A 20 de Setembro de 1935, Salazar analisava ao seu jeito o carácter equívoco dos laços multisseculares que uniam o nosso país à Inglaterra: «Aos que me perguntam se acredito na Inglaterra e na aliança inglesa respondo francamente e sinceramente que sim: em primeiro lugar, porque acredito na palavra homens e dos povos, quando não tenho factos que me levem a considerá-la mentirosa; em segundo lugar, porque, mesmo sem falar nos estreitos laços de amizade, a comunidade de interesses portugueses e britânicos é de tal modo evidente que de cá e de lá se há-de impor por muito tempo aos homens do governo. Quando estivermos bem compenetrados de que a aliança com a Inglaterra não é uma tutela nem uma fiança da nossa acção política interna ou externa, não recearemos as atitudes equívocas ou subservientes nem a diminuição da nossa acção internacional, antes havemos de trabalhar por valorizar ao máximo aquele apreciável instrumento político: visto que temos de dar, havemos de saber exigir».

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