domingo, 1 de março de 2009

O feitiço contra o feiticeiro

A bebedeira do Branca
Álvaro há uma pequena história que não sei se haverá algum interesse mas por sim por não aqui vai.
O Destacamento quando estava nos postos de vigilância era normalmente divididos em secções (Alfa, Bravo…) e por várias vezes tocou-nos o posto do Tridente que era o último a subir o rio, ou seja: tocava-nos patrulhar desde o limite a norte, que era Nóqui, até meio do rio entre o Tridente e a Macala. Nas nossas patrulhas, muitas das vezes, subíamos o rio até Nóqui. Amarrávamos os botes na pequena doca que lá havia, a mesma doca que pertencia ao quartel do exército e tinha sempre um militar de guarda pelo que não havia problema deixar lá os botes. Logo que saíamos da doca atravessávamos a parada e lá íamos à vila (povoação), normalmente ao bar do Machado. Numa dessas patrulhas, éramos três, ou seja a minha esquadra:, Joaquim V. Cardoso, (13331) Firmino Valério (16108) e eu Agostinho Maduro (16231).Entramos no bar, sentamo-nos e mandamos vir bebida; bebemos, estivemos por ali uns minutos, vi que havia lá mais umas mesas ocupadas, mas não prestei atenção. Quando pedimos a conta, diz o Machado: já esta paga! Qual foi o nosso espanto…Mas, com a insistência lá nos disse que um sargento, conhecido por Branca, tinha pago. Dirigimo-nos à mesa dele, agradecemos, e perguntamos a razão? Diz ele: tenho muita simpatia e admiro muito os fuzileiros e isto é a minha maneira de o demonstrar.Tentámos depois noutras ocasiões anteciparmos mas ele, em colaboração com o Machado, nunca nos deixou pagar e dizia que o seu maior gosto era dar uma bebedeira a um fuzileiro mas que a nós, os fuzileiros, nunca o conseguira e de facto não estava fácil, mas disse-nos que adorava visitar o nosso posto… Então, um dia, o nosso jantar era carne à Brás (não sei se sabem que o bacalhau à Brás foi inventado na Marinha), digo eu ao Cardoso: que belo dia para “caçar o Branca”... Ele nem pestanejou! Pediu autorização ao chefe do posto, Toscano Rico, que logo autorizou que o fosse buscar. Lá foi o Cardoso e trouxe o Branca. Ele que não conhecia aquela comida e o vinho também era bom, e com abundância, o pobre do Branca tomou tamanha bebedeira que, quando o Cardoso o foi levar, deitou-o no fundo do bote... Pensou, durante o percurso que o melhor era não o deixar no quartel, não fosse o diabo tece-las, e sim ficar no Bar, a cargo do Machado, que entretanto foi servindo os fregueses, e o Branca dormindo a bebedeira, até que a certa altura vai ao quarto de banho e pegou lá no sono… Quando o Machado fechou o Bar não deu por falta do Branca... No outro dia de manhã o Machado abre o bar e foi dar com o Branca a dormir no quarto de banho! Dizia ele, então os fuzileiros são bons até para enganar os outros!...Penso que o Joaquim Cardoso deve lembrar esta passagem, pois ele foi um dos protagonistas.
Agostinho Maduro

Sem comentários:

Enviar um comentário