quinta-feira, 25 de junho de 2009

NAÇÃO E IMPÉRIO

X

Queda do governo Sá da Bandeira
Em Março de 1859 caía o Governo que Sá da Bandeira fazia parte. Fragilizado, entre várias questões, pela barca Charles et George. O novo ministro do Ultramar, Ferreri, demite e substitui Sá da Bandeira na presidência do Conselho Ultramarino.
Em 1860 o partido «histórico» regressa ao poder mas as «utopias» estavam fora de prazo.
Das novas orientações e mudanças políticas, destaca-se a mais sensível: o da mão-de-obra negra e o seu estatuto, com uma referência especial aos «carregadores» de Angola. Em 9 de Novembro de 1861, é feita consulta ao Conselho Ultramarino, na qual se fazia crítica expressa do decreto 1856 (que proibia o serviço forçado) por este servir de «estorvo à civilização, e ao progressivo melhoramento da África Portuguesa». O texto do actual Conselho tomava como boa toda a argumentação em defesa do trabalho forçado, vendo nele o único meio de vencer «as influências do clima, e os hábitos tradicionais de ociosidade» comuns naquelas «terras inóspitas», de forma a «trazer os seus habitantes às condições gerais do género humano». A consulta recomendava que fossem dadas novas instruções sobre a matéria e remetidas ao governador de Angola, instando igualmente a que se libertasse de todas as peias o transporte de escravos ou libertos para São Tomé e Príncipe, até então restringido pela «errónea inteligência» que em Portugal se vinha dando ao tratado luso-britânico de 1842 para a abolição do comércio negreiro. Nenhumas destas recomendações foi expressamente aceite pelo governo de Lisboa mas a política em Angola deu-lhe ampla satisfação.
Outros projectos da política de Sá da Bandeira foram igualmente abandonados, como a perspectiva expansionista em relação ao território angolano. Estão neste caso os dissabores surgidos com as ocupações de Ambriz e do Bembe e, em menor medida os planaltos do Sul de Angola. Em 1860, segundo instruções do governador Carlos Franco, foi determinado que se suspendessem todas as iniciativas anexionistas por falta de meios para as sustentar. Em Angola vai-se mais longe, propondo-se o abandono de posições recentemente ocupadas no interior e a concentração de esforços no litoral, culminando com a retirada, em 1873, da zona dos Dembos.

Sem comentários:

Enviar um comentário