terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Memorando DFE4 - Angola 1963-65

Cinema
O cinema, por razões óbvias e dadas as circunstâncias, muito raramente era visto. No entanto, episodicamente, quanto estacionávamos em Santo António do Zaire ou em uma ou duas ocasiões em Luanda, íamos também ao cinema. Na Lagoa de Massabi, de forma improvisada e ao ar livre, foi-nos apresentado um ou dois filmes portugueses, ambos com Amália Rodrigues e com os autores Diamantino Viseu, em Sangue Toureiro e Virgílio Teixeira (Júlio guitarrista) em Fado.
Os filmes estrangeiros tinham a marca da época. Os grandes Westerns ou Faroestes americanos, como o Duelo ao Sol, com Jennifer Jones, Gregory Pecky e Joseph Cotten, e Os Sete Magníficos com Yul Breynner, Steve McQueen, Eli Wallach, Charles Bronson (...). Eram filmes com características maniqueístas em que de um lado estavam os bons e do outro os maus. Os brancos eram os bons e os índios os maus. Os cowboys eram figuras quase sempre solitárias. Faziam longas caminhadas pela pradaria, montado no cavalo inteligente que o avisava da chegada de algum forasteiro indesejado. Tinha sempre uma história por detrás do rosto durão e a sede de vingança era a sua principal razão de existir. Qualquer cowboy que se prezava de o ser nunca atirava pelas costas e era sempre mais rápido no gatilho do que o vilão. O cenário era quase sempre o Oeste norte-americano: Califórnia, Arizona, Colorado... Estes filmes tinham umas máximas fantásticas: O meu ódio será a tua herança; Deus perdoa eu não; Matar ou morrer; Os brutos também amam... Havia também os filmes de comédia e os melodramáticas em que não faltavam as histórias de amor!

Em a vida é um jogo (The Hustle), um género de filme diferente, que tinha como protagonista Paul Newman, serviu para fazermos um ensaio de uma cena no Refeitório da Macala. As mesas onde se tomavam as refeições eram rectangulares, com bancos corridos, foram adaptadas como de mesa de bilhar; os paus das vassouras foram usados como tacos. Os autores eram Álvaro Dionísio (16 291), o galã que fazia o papel de artista principal, e o Manuel Martins (16 509) o Gordo (que até era magro como eu), mau da fita. No final, fazíamos as pazes - como filme – e apertávamos as mãos e dizíamos: Hermanos!





Circulavam também filmes italianos, franceses e espanhóis numa linha mais romântica como La Violetera com Sarita Montiel...


Imagens:

1- Representação. Álvaro Dionísio e Manuel Martins;

2- Fig. The Hustler ( A vida é um Jogo ). Paul Newman ;

3- Disparo iminente. Yull Braynner

4. Mário Pão Mole em acção...

5. Os sete fuzos...

6- Os Sete Magníficos

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