quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Memorando DFE4 - Angola 1963-65

Chegada a Lisboa em 30 de Março de 1965. Destroçar


Conforme relato do Lucas - uma memória fantástica -, chegamos à Lisboa na noite de 30 para 31 de Março de 1965. O navio S. Gabriel fundeou no mar da palha à 1 hora e 5 minutos do dia 31. De manhã, fomos transportados de vedeta para a Base do Alfeite.Houve encontros com os familiares e amigos e depois a merecida licença.Com o regresso de férias à Escola de Fuzileiros, inicia-se um novo ciclo na vida de cada um de nós. Tinha chegado o momento de pensar e deitar contas à vida. Pior, de tomar uma decisão. Permanecer na Marinha e nos Fuzileiros ou sair: Passar à disponibilidade. Eram os dois caminhos possíveis. Ficar representaria optar pela carreira militar cuja progressão se faria, em parte, à custa das mobilizações nas três frentes de combate em África. Esta opção envolveria também aceitação de sacrifícios próprios e familiares e os riscos inerentes a vida. Passar à vida civil significava a possibilidade de vir a constituir família e uma maior tranquilidade. No entanto, esta opção de vida significava recomeçar tudo de novo: arranjar trabalho, nas condições que se oferecia de experiência e de habilitações – reduzidas –, não era nada fácil. Enfim, também a escolha civil tinha o seu preço a pagar. Nem todos os camaradas saíram na mesma altura mas podemos dizer que começamos a destroçar a partir do regresso de Angola e a voltar a reunir, na sua maioria, 40 anos depois.



Post Scriptum. Arnaldo Cruz (Quintã) não seguiu viagem!



Já depois do livro “Memorando DFE4” ter sido impresso e distribuído, recebo um telefonema do Arnaldo Cruz (Quintã) a agradecer a sua oferta. Na sequência da conversa, pergunta-me se eu me lembrava do almoço de despedida que fizemos em Luanda antes da nossa partida para Lisboa. Almoço esse em que se sentiu mal (a desmaiar) e foi levado para o Hospital em Luanda onde lá ficou internado cerca de seis meses! O pior de tudo isso é que a família não foi informada do facto! Cada um de nós pode imaginar o que não terá pensado e sofrido a família do Quintã a espera do seu filho, juntamente com os outros familiares, e ele não aparecer … Pessoalmente, senti-me envergonhado por não me ter lembrado desse acontecimento.

Alguns dos camaradas com quem falei também não se lembravam.

Agora, manda a verdade que se diga: A não informação a família foi um esquecimento grave. Aconteceu, paciência!






Arnaldo Cruz (Quintã)

















(Livro não comercializável)

1 comentário:

  1. Bom dia. como posso conseguir um exemplar do livro 'FUZILEIROS - MEMORANDO - Destacamento de Fuz Esp n.º 4 (Angola 1963-65)', de Álvaro Elias Dionísio ? Ficaria grato. Cumprimentos. (casimiro.serra@gmail.com)

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