sábado, 7 de fevereiro de 2009

Memorando DFE4 - Angola 1963-65

Relações de convivência com
a população local
Foto em baixo. Pessoal no banho com duas crianças divertidas


As imagens da época publicavam, em revista e folhetos de propaganda, fotografias chocantes sobre mortes e chacinas de civis cometidas pelos guerrilheiros da UPA/FNLA, nas fazendas e nos postos Administrativos. Parece um paradoxo, mas convivíamos e relacionávamo-nos bem com a população africana, apesar dos motivos da nossa presença lá e do combate aos movimentos de libertação. Não se pretende com isto dizer que do lado português não tenha havido também actos bárbaros semelhantes. No entanto, e daqui o paradoxo, os fuzileiros em geral, e de uma forma particular o 4º Destacamento, podem-se orgulhar do estabelecimento de uma relação afectiva com a população. Tratava-se de uma relação espontânea que não tinha nada a ver com a guerra psicológica, então em voga, e com os fundamentos do luso-tropicalismo(1). Entre o pessoal, pelo menos as praças, não havia sequer consciência disso. Era um sentimento natural que vinha do interior de cada um de nós, ou mais simplesmente, do coração. Felizmente, alguns camaradas tinham fotos tiradas juntamente com as populações africanas que retratam esses momentos históricos. Algumas delas captaram imagens ternas ou comoventes dessa altura; sobretudo as que envolvem crianças. São imagens que reflectem a nobreza de sentimentos desses camaradas, estampadas na simplicidade do gesto e no olhar cândido e humilde.


A foto mais expressiva. Luciano Caseiro, Júlio Santos, Álvaro Abreu, Graciano Pimenta e Davide com quatro crianças.
(1)O Luso-Tropicalismo era uma teoria inspirada nos estudos do Sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, adoptada por Salazar e defendida por ministros e académicos, como foi o caso de Sarmento Rodrigues e Adriano Moreira, e utilizada como resposta aos ataques do Comunidade Internacional às colónias portuguesas. Os seus fundamentos baseavam-se na miscigenação, fusão cultural e ausência de preconceito racista.



Diniz Carrelo (Faísca) e o Póvoa com ar matreiro

Em baixo: Almada, Mix e população. José Francisco e um africano. A última: Galvão, Álvaro Dionísio, Quelfes e dois ex-presos.

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