domingo, 1 de fevereiro de 2009

Notas à margem do livro (9-B)

Operação a leste de Luanda por Agostinho Maduro



A propósito do tema do livro « Operações a leste de Luanda» recebi do Agostinho Maduro, Canadá, um e-mail a narrar alguns dos factos que aqui se publicam:

Álvaro, gostei muito das reportagens da operação ao leste de Angola e recordei pequenas lembranças dessa operação. Por exemplo, Negage, só lá passei essa vez e nunca mais esqueci a beleza dos seus jardins e os pequenos rios. Ao atravessar o jardim publico, salvo erro, havia uma fabrica de açúcar que era abastecida por uma ma imensa campina de cana-de-açúcar para a sua própria produção. Ao chegarmos a Sanza Pombo, depois de tantas horas de camião, em estrada de terra batida e com aquele calor, estávamos só a pensar se havia algum rio ou ribeiro onde pudéssemos dar um mergulho. Só que alguém do exército nos disse que havia lá um lugar assim, mas que era muito perigoso… Tinha havido há pouco um ataque lá, e a hora já não era propícia para lá irmos! Resolvermos então abrir as macas e descansar… Para minha surpresa, passo pelo Raposo (14824/Torrão) e vejo que ele se estava a deitar e nem sequer tirava as botas! Digo eu: Raposo, não tiras sequer as botas? Responde-me ele - estás doido ou que? - eu não quero sujar a maca!... Quando estávamos lá (Acampados em Massau, Exército), como comentas, é certo o caso do pão ser de fabrico diário e cheirava bem, só que tinha mais fermento que farinha; a margarina vinha nuns bidões de 20 ou 30 kg e era tirada com uma faca ou colher por alguns (soldados), outros metiam lá o pão e, parece que, às vezes até as mãos! Quanto ao vinho, lembro-me bem quando havia… eu ia lá com o cantil e dizia: põe aqui para mim, para o açoriano, e para o 16231… E isto, no meu caso, deu certo. Não estivemos lá o tempo suficiente para eles nos conhecerem! Também recordo, na volta, o condutor do camião - que era soldado – a certa altura parar numa sanzala e, não sei como, roubou um cabrito e trouxe-o consigo. Até aí, tudo bem! Só que pernoitamos numa caserna do exército, em Carmona, e o condutor para não lhe roubarem o cabrito, meteu-o debaixo da sua tarimba! O diabo do cabrito não deixou ninguém dormir…






Belos tempos!
Imagens:
1. Agostinho Maduro;
2.Négage, retirado de site Internet;
3. Raposo ( Torrão)
4. Quartel de Carmona e imediações? talvez. Fonte site Internet

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