sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Memorando DFE4 - Angola 1963-65

Macala. Posto de Comando

Quando não se ia pelo mato adentro, um dos pontos fortes do Imediato Paiva Boléo, fazia-se melhoramentos à volta dos postos. Limpava-se o mato em redor, cimentava-se os caminhos que davam acesso as instalações e ao embarcadouro. Aliás, todos os Destacamentos de Fuzileiros acrescentavam sempre algo ao que os seus antecessores haviam feito, como se pode ler na inscrição, em verso, que o DFE4 deixou, cujo teor é seguinte:



Romão e José Ricardo (Gazela)

A Companhia nº1
Este Posto começou
O 1º Destacamento
A obra continuou






Júlio e Dinis Carrelo
O 3º com afinco
Para que nada faltasse
Fez com que o 4.º e o 5º
O trabalho não parasse

O 6.º vendo isto
A obra não quis parar
Para lembrar aos que vêm
O valor do trabalhar


E tu que vens e não sabes
O trabalho que isto deu
Continua e nunca pares
E faz versos como eu.

Contemplação da obra (Póvoa)
Depois da rotina diária, quase no final da tarde, íamos tomar banho ao rio. Geralmente, como medida de precaução ou de autodefesa, formávamos um pequeno grupo e antes de nos lançarmos a água, atirávamos pedras para espantar algum crocodilo escondido no local. Esta espécie de réptil anfíbio é bastante perigosa. Mas havia outros perigos no rio como a força do seu caudal e correntes que culminavam com os redemoinhos no farol de diamantes, entre o Posto do Tridente e Nóqui. Foi nesta zona que um camarada do 3º Destacamento, conhecido por D. Quixote, perdeu a vida. Eu próprio ia caindo a água se não fosse o Álvaro Abreu deitar a mão e agarrar-me o braço. Isto ocorreu durante uma operação nocturna o que limitava qualquer possibilidade de sobrevivência. O Arnaldo Cruz (Quintã), que vinha de uma operação de patrulhamento, em que circulavam dois botes, caiu água e o bote detrás passou-lhe por cima. Com a cabeça ensanguentada conseguiu nadar até à margem e salvar-se! Há todavia um caso espantoso, milagreiro, quase anedótico de um camarada nosso que também se salvou. A história é contada mais à frente e o protagonista é o José Francisco.

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