domingo, 25 de janeiro de 2009

Notas à margem do Memorando (7)

Patuscadas...
Ainda sobre o episódio das patuscadas, o Alves e o Agostinho vieram a dizer algo mais sobre o assunto.
O Alves por ter revelado algo que eu não sabia ou não me lembro o que vem a dar no mesmo: O falecido Miranda cozinhava muito bem; até pensou ser cozinheiro antes de ir para fuzileiro!
O Agostinho descreve assim este tema:
Gostei de ver as reportagens das caçadas e petiscadas.
Só que há mais. Não foram assim tão poucos os almoços de peixe que tivemos, especialmente, no posto do Tridente. Havia três maneiras de conseguirmos o peixe:

A primeira era a compra directa. Lembro-me bem de um peixe que comprámos a um nativo no posto da Quissanga. Pesava uns 30 a 40 kg e pescador que o matou não o conseguiu pôr dentro da piroga: teve que o rebocar até ao posto para nos vender.
Uma outra maneira de obtermos peixe era com granadas. No ancoradouro do Posto do Tridente despejávamos os restos de comida para a água e esperávamos alguns minutos… depois lançávamos uma granada ao rio! Até parece que estou a ver o pessoal no bote e o Galvão dentro da água a tirar o peixe para dentro do bote. Com este método, arranjávamos refeição para umas trinta pessoas.
A terceira forma era a pesca a linha. Certa altura, quando estivemos em Luanda, o Firmino Valério (16
108) comprou umas linhas de pesca e alguns anzóis, mas não disse nada a ninguém... Quando chegou ao Posto do Tridente aparelhou 5 ou 6 linhas, amarrou-as ao cais, iscou os anzóis com carne e lançou-os ao rio. A partir de então criou-se um vício entre a malta: ir ver se a linha tinha peixe… Digo-vos: - não foram assim tão poucas as refeições que fizemos! Tudo isso graças ao camarada amigo Valério - já falecido - que descanse em paz.
O rio Zaire é muito rico em peixe e o camarão era apanhado por nós ( juntávamo-nos dois e ou três) com uma rede de mosqueteiro velho, nas pequenas muílas! Outras vezes, recorria-se a um novo método inventado pelo Valério para arrebanhar peixe e que consistia no seguinte: fazer uma vala na areia e colocar nela um balde com restos de comida, e esperar que o peixe (miúdo) lá fosse parar e retirar o balde… Isto acontecia no Posto da Quissanga onde se fazia boas patuscadas. Bons tempos!
Fotos: As duas primeiras são do Miranda e a terceira do Valério ( falecidos).
Posto do Tridente e o Posto da Quissanga ( à direita: Póvoa, Galvão e Vininha Cardoso ao meio)

1 comentário:

  1. Alvaro talvez eu nao me espliquei bem, vou tentar corrigir, o valério com um balde fazia uma vala transverssal ao rio e na ponta de dentro despejava restos de comida e com o mesmo balde tirava peixe e agua e atirava para a praia e entao era só apanhar o peixe,era peixe miudo só era bom para pequenos petiscos.

    Um abraço a todos filhos da escola.

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