sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Memorando DFE4 - Angola 1963-65

Juventude. Alistamento no Corpo de Marinheiros da Armada
A juventude, na sua maioria, descendiam de famílias pobres e humildes, filhos de camponeses e de operários que começavam a trabalhar muito cedo, por volta dos onze, doze ou treze anos, de um modo geral, logo que completavam a escola primária: a quarta classe ou o 2.º grau. Uma parte desses adolescentes e jovens viriam a trabalhar durante o dia e estudar à noite. Neste contexto, muitos jovens se alistaram voluntariamente na Armada, com idades compreendidas entre os 16 e os 20 anos, mediante autorização dos pais.









Trabalhadores. Agricultura e Pesca(Sesimbra/site)
De acordo com a Portaria 17 530, de 28 de Dezembro de 1959, assinada pelo então Ministro da Marinha, Fernando Quintanilha Mendonça Dias, nas incorporações de mancebos destinados a prestar serviço militar na Armada como praças, deviam, ponto 2 do diploma, satisfazer as seguintes condições:

a) Ser cidadão português;
b) Completar 17 ou 18 anos de idade no ano civil da data da admissão;
c) Possuir suficiente aptidão física (...);
d) Ter bom comportamento moral e civil, comprovados pelos registos policiais e criminal;
e) Estar habilitado, pelo menos com a 4.ª classe da instrução primária;
f) Obter aprovação num exame de admissão a realizar na Unidade da Armada que for designada para esse efeito;
g) Ser solteiro e não ter encargos de família;
h) Não estar abrangidos por qualquer das excepções previstas nos artigos (...) da Lei n. 1961 de (...) 1937 e alteração dada pela Lei n. º 2034 de 18 de Julho de 1949;
i) Ter autorização do pai, mãe ou tutor para alistar-se na Armada;

Havia algumas preferências nas admissões previstas na referida Portaria, como por exemplo: quem possuísse habilitações ou preparação profissional mais vantajosas para o serviço da Armada; tivesse melhores habilitações literárias; fosse filho de militar ou tivesse menos idade.

Também os mancebos, em idade de recrutamento militar, podiam optar pela Marinha. Em qualquer dos casos, só eram alistados na Armada pessoas voluntárias, saudáveis e alfabetas, como exigia a lei, e o mínimo de habilitações académicas: a instrução primária ou abaixo do 7.º ano para as praças e com o 7.º ano (antigo e completo) ou superior para os oficiais. Claro que havia a Escola Naval para os oficiais de carreira. Não havia era recrutamento para classe ou postos intermédios (furriéis) como no exército. Aqueles jovens e voluntários provinham das várias cidades, vilas e aldeias do País – Continente e Ilhas - de Norte a Sul: eram minhotos, transmontanos, beirões, portistas, ribatejanos, alentejanos, algarvios ou madeirenses e açorianos, cada qual com a sua pronúncia, hábitos e costumes. Finalmente, Lisboa, a grande Capital, Escola do Marujo e Universidade de Vida. Os Bairro Altos, a Mouraria e Alfama ou Costa do Castelo, as varinas, os cinemas Piolho ou Éden, as tavernas, leitarias, ou Bar S. Domingos, as mulheres da vida e as zaragatas com marujos, quase sempre aos magotes pelas ruas, largos e becos da cidade. Claro que também existia o S. Jorge e o D. Carlos, o Teatro D. Maria, a Ópera, etc. mas isso era para pessoas finas, com outra instrução, gosto e dinheiro

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